Sabia que?

A Capela de Nossa Senhora da Ajuda

 

 

 

A Capela de Nossa Senhora da Ajuda, instituída por António Favila, cavaleiro fidalgo da Casa d’el Rei e D. Maria de Vasconcelos, bisneta de João Gonçalves Zarco, na primeira metade do Século XVI, 1540, além de ter dado o topónimo ao Sítio da Ajuda, na Freguesia de São Martinho, da qual é a capela mais antiga, permanece na mesma família desde a sua fundação. 


Embora com um interior muito simples, conserva peças decorativas de grande interesse, apresentando uma arquitectura popular de planta longitudinal simples, com fachada principal em empena e portal de arco quebrado. 
No dia 7 de maio, na Capela de Nossa Senhora da Ajuda, realizou-se mais um Capelas ao Luar, sendo essa a noite em que se bateu os recordes de espectadores, 216.

Sabia que?

Braguinha e Rajão no Havai

 

 

 

 

Na imagem podemos ver mulheres havaianas a tocar Braguinha (o cordofone mais pequeno com 4 cordas) e Rajão (5 cordas) (foto de 1890). Estes instrumentos foram levados para aquelas ilhas do Oceano Pacífico através dos emigrantes madeirenses, contratados para trabalhar nas plantações de cana sacarina. Uma viagem em especial, a realizada a 23 de abril de 1879 a partir do Funchal, integrou três mestres violeiros madeirenses: Manuel Nunes, Augusto Dias e José Espírito Santo e dois executantes: João Fernandes e Luís Correia.

 

Todos estes mestres abriram oficina e loja de instrumentos em Honolulu, a capital do Havai, sendo muita a procura pelos seus instrumentos musicais. Segundo a tradição oral e histórica do Havai, teria sido Manuel Nunes a inventar um novo instrumento que ficaria designado até hoje de UKULELE. Este resultou da junção do corpo do pequeno Braguinha com a afinação de cordas soltas do Rajão (as primeiras quatro cordas). O Rei Kalãkaua do Havai e a sua irmã a Princesa LiliuoKalani eram grandes entusiastas dos cordofones madeirenses, quer pela música quer pelo processo de construção. Das muitas serenatas realizadas no Palácio, há um destaque em particular para o músico João Fernandes, tido como um excelente tocador.

 

Sabia que?

600 Anos de Aclimatação de Plantas comestíveis, a base da gastronomia madeirense

 

Sabia que?, sem muito exagero, se pode afirmar que se pode dar uma volta ao mundo passeando pelo Mercado dos Lavradores, ex-libris da Cidade do Funchal e até do Arquipélago da Madeira, tendo apenas em conta sobretudo os frutos?

Ali podemos contemplar e provar uma tal paleta de cores e de sabores que se torna difícil acreditar que semelhante riqueza e variedade provenha dos conhecidos e limitados poios, os estreitos terraços que caracterizam a paisagem agrícola da ilha da Madeira.

Mas isto apenas pode ser compreendido se tivermos em conta que praticamente todas as plantas comestíveis hortícolas e frutícolas aqui cultivadas foram, todas e sem exceção, ao longo destes 600 anos, INTRODUZIDAS, aclimatadas e apuradas, constituindo a base da gastronomia alimentar madeirense, cuja antropologia é hoje alicerçada na observação local e na investigação etnográfica e histórica.
 

Um excelente relatório  do  que se conhece neste âmbito vem publicado na Revista Islenha 63, que acaba de sair, e que lembra esta importante parte referente à história dos 600 anos de ocupação do território que garantiu, ao longo do tempo, e até hoje,  a nossa sobrevivência e que nos permite proporcionar paisagens e experiências gastronómicas ainda hoje oferecidas por igual a todos os que nos visitam.

 

  • Poios
Sabia que?

O Bordado da Madeira

 

Não se sabe a data precisa do início do bordado na Ilha da Madeira com os pontos que lhe ficaram característicos. Muitas foram as influências: uma longa tradição portuguesa, ligada aos primeiros colonizadores da Ilha, que consigo trouxeram os seus conhecimentos é uma boa raiz justificadora ; o contributo dos bordados litúrgicos a matiz, ouro e prata que durante os séculos XVI, XVII e XVIII foram realizados nos Conventos de Santa Clara, Mercês ou da Incarnação. Para além disso, e sobretudo, o talento local da mulher madeirense; Muita da inovação e incremento ao Bordado Madeira é dado por uma senhora inglesa a viver na Madeira, à volta de 1860, Miss Elisabeth Phelps. Esta terá levado o bordado feito na Madeira para a Inglaterra e desta forma, das mãos da mulher madeirense para a alta classe inglesa, o bordado da Madeira foi-se tomado conhecido em todo o mundo. O Bordado reflecte a influência entrecruzada de bordados Richelieu, Renascença, Veneziano, e de rendas divulgadas por toda a Europa no século XIX, como Guipure,  Richelieu e Dresden, levando a que na Madeira se procurasse transferir para o bordado a motivação das rendas. Parece ter sido influenciado directamente pelo bordado escocês, designado por Ayrshire Work , bordado branco, realizado nesta região da Escócia entre 1820 e 1870.


No princípio da produção do Bordado Madeira, foi utilizado algodão de cassa, cambraia ou linho, sendo aplicada a linha branca baça, e mais raramente o azul e o vermelho. Só com o século XX, se introduziu a linha castanha, começando também a aplicar-se o linho cru. Muito curiosa é a alteração dos materiais utilizados como suporte, onde se assiste à aplicação das sedas, do crepe, tule e organdi.


Um  aspecto peculiar prende-se com algum secretismo, em relação aos desenhos, que eram guardados religiosamente por cada família, e passados de geração em geração.

Se nos maravilhamos com o bordado Madeira, total terá de ser a nossa admiração para com as Bordadeiras anónimas, que mantêm vivas tradições de insuperável técnica e beleza, passadas de geração em geração, produzindo obras de arte a partir de um simples pano de linho. A homenagem às bordadeiras deve estender-se a todos os que há gerações trabalharam nas fábricas de bordado, desenhando, estampando, engomando, permitindo o acabamento perfeito dos trabalhos até chegarem junto do público. Talento local, grande qualidade de execução e padrões exclusivos fazem com que o bordado da Madeira seja único: reflecte a beleza da Ilha, o Povo e a Tradição.

Sabia que?

Edificio Casa Museu Frederico de Freitas

 

Sabia que? o edifício da Casa-Museu Frederico de Freitas tem mais de 3 séculos de existência?


O mais antigo documento conhecido sobre a Casa da Calçada data de 1686 e refere a sua existência com uma capela, pertença de dois irmãos, o Cónego António de Brito Bettencourt e D.ª Helena de Vasconcelos. Em 1692, por herança, passa à posse de uma sobrinha, D.ª Úrsula de Brito Bettencourt, casada com Diogo de Ornelas de Vasconcelos, mantendo-se nesta família até ser adquirida pelo Governo da Região Autónoma da Madeira, em 1980. 

 

 

  • CMFF
  • CMFF2
Sabia que?

Fábrica de Destilação de Aguardente da Ribeira Brava - Museu Etnográfico da Madeira

Sabia que?, no edifício do Museu Etnográfico da Madeira, uma casa solarenga do século XVII, esteve instalada, no século XIX, a “Fábrica de Destilação de Aguardente da Ribeira Brava” e que pela sua duplicidade tecnológica, trata-se de um testemunho do património industrial único a nível europeu?
 

Ali funcionaram, simultaneamente, um engenho de moer cana-de-açúcar e dois moinhos de cereais, movidos a energia hidráulica, servidos pela mesma levada e pelo mesmo “cubo”, que conduziam a água, à grande roda vertical do engenho e aos rodízios dos moinhos. Com o objetivo de salvaguardar este Património Industrial, o Governo Regional da Madeira recuperou o edifício e os equipamentos tecnológicos e ali instalou o museu.

 

Sabia que?

Natal na Madeira - Presépio ou "Lapinha"

 
Sabia que? Na Madeira, presépio é designado por "lapinha". A origem etimológica da palavra deriva da lapa de Belém, onde é figurado o nascimento do Menino Jesus.
A armação do presépio ou "lapinha", na época natalícia, constitui um ritual carregado de simbolismo.  Revelando emoções, que se renovam anualmente, retrata a alma de um povo crente, que teima em preservar as suas tradições.
 
A configuração dos presépios madeirenses sofreu, no entanto, alterações ao longo dos tempos.Antigamente, o Menino Jesus era entronizado em escadinhas ou pirâmides aos degraus ou mesmo colocado sobre uma mesa, costume ainda presente em algumas unidades domésticas, especialmente nas zonas rurais.
 
 
Mais tarde, generalizou-se o uso da chamada "rochinha", na qual se utilizam os recursos naturais disponíveis, nomeadamente rocha, socas de cana ou vimieiro, cortiça ou papel pintado. Nas casas mais abastadas existiam os presépios de caixa, miniaturas integradas em caixas, com parte frontal em vidro ou abrindo em porta.
Hoje vários artesãos dedicam-se à confeção de estruturas e figuras de presépios, utilizando diferentes matérias- primas: o barro, a cera, a madeira, o papel, a palha de milho, de trigo  ou de bananeira.

 

 

 

 

Sabia que?

A tradição das MISSAS DO PARTO na Ilha da Madeira

 
 Há referências antigas sobre as “missas de Natal” na ilha da Madeira e que poderão incluir as missas do parto, a missa do galo e a missa do dia de Natal. Paras estas missas eram dispensadas verbas elevadas, pelas fábricas das igrejas e pelas confrarias, destinadas à música e cantoria, decoração/ornamentação, cera e azeite, e ainda pagamento aos padres que diziam os sermões. Também deveria haver fogo, pois desde o século XVII que era comum a sua utilização nas festividades religiosas, como está documentado na catedral funchalense com a festa de Nossa Senhora do Rosário. 
 
 A missa do galo, por exemplo, está referida em 1582, na Sé do Funchal, e a 26 de julho de 1610 o vigário da Igreja de Nossa Senhora da Graça do Estreito de Câmara de Lobos afirma que depois da missa do galo ficavam muitas mulheres na igreja causando grande perturbação. Era o conflito entre o sagrado e o profano, havendo denúncias que nestas missas havia festividades e cantorias “desonestas” e realizavam-se fora de horas decentes.
 
Das “missas do parto” temos notícias em 1685 (Ribeira Brava); em 1688 (São Vicente); em 1690 (Convento de Santa Clara). No ano económico de 1740-1741, foram celebradas “missas do parto”, do Natal e das oitavas na Misericórdia do Funchal, e em 1757 a confraria da “Igrejinha” pagou 3$000 réis pela celebração das “missas do parto” e do Natal. Até em testamento estão referidas as “missas do parto”, no cumprimento de missas, como registado em 1705, por D. Clara Milheiro, mulher de Francisco Pardo de Figueiroa, na Calheta. Em 1756, os paroquianos da Quinta Grande (Campanário) eram devotos à celebração das “missas do parto”. 
 
Directamente relacionada com as “missas do parto” estará a veneração à Senhora da Expectação ou do Ó, que na Madeira está documentada pelo menos desde 1588, quando na Sé do Funchal estão referidas as festas em sua honra. 
 
 

 

 

Sabia que?

A Árvore de Natal na Casa Museu Frederico de Freitas

 
Sabia que na Casa da Calçada, hoje Casa-Museu Frederico de Freitas, não era tradição armar a árvore de Natal? Apesar de não haver árvore de Natal, o Dr. Frederico de Freitas assumia com rigor os tradicionais festejos da Festa.  A Casa da Calçada apresentava-se particularmente atrativa. As grandes limpezas deixavam as madeiras, os metais, os vidros e os cristais a brilhar.
 
Cheiros intensos emanavam dos soalhos encerados, das verduras, flores e das iguarias que se preparavam na cozinha. Deliciosas receitas eram saboreadas nas mesas de jantar e do chá adornadas com as melhores loiças, cristais e bordados. Os presépios saiam dos armários e eram exibidos pelos vários espaços. No Jardim de Inverno montava-se o grande presépio de rochinha e a distribuição de presentes pelas crianças da família era uma tradição do dia de Reis, 6 de janeiro. 
 
São essas memórias que a Casa-Museu Frederico de Freitas procura preservar e celebrar, proporcionando, um percurso que valoriza o acervo ligado ao Natal. O objetivo é, ano após ano, surpreender e agradar. Especial realce merece o grande presépio de rochinha armado, tal como antigamente, no Jardim de Inverno.  Realizado à imagem da Ilha, apresenta montes, escalonados em socalcos, rasgados por linhas de água e repletos de vegetação. As personagens religiosas desdobram-se em cenas que narram a infância de Jesus e convivem com as figuras regionais, ocupadas nos seus afazeres quotidianos. Todos convergem para a gruta que abriga a cena do Nascimento, núcleo central da composição. 
A visita aos presépios na Casa-Museu Frederico de Freitas é gratuita, até 18 de janeiro, de terça a sábado, entre as 10h00 e as 17h30.

 

 

 

 

 

Sabia que?

Max no Teatro de Revista

 
 
O multifacetado artista madeirense Maximiano de Sousa (Max) abraçou ao longo da sua bem-sucedida carreira artística, várias artes de palco, uma delas, o Teatro de Revista. Foi pela mão de Eugénio Salvador que se estreou em março de 1953 na peça «Cantigas ó Rosa». Este seu percurso na Revista à Portuguesa trouxe-lhe um enorme destaque no panorama nacional.
 
Os convites para os grandes palcos surgiram de todo o lado. Nesta sua incursão pela representação teatral contracenou para além do já citado Eugénio Salvador, com António Silva, José Viana, Raul Solnado, Camilo de Oliveira, Anita Guerreiro, Victor Mendes, Victor Espadinha entre tantos outros bem destacados atores portugueses. Foram-lhe endereçados dois convites especiais ainda na década de 50, o primeiro foi formalizado pelo bem conhecido ator Vasco Santana que o integrou como convidado principal no seu show itinerante, a «Embaixada do Riso», (1954).
 
 
 
 
 
 
O segundo convite seria do hilariante Francisco Ribeiro (o célebre Ribeirinho dos filmes portugueses dos anos 40) na sua grande produção «Aqui é Portugal!» (1955). Maximiano de Sousa subiu ao palco do teatro nacional (ao longo dos anos 50 e 60) em tantos sucessos tais como: «Saias Curtas», «Cala o Bico», «Fonte Luminosa», «Mulheres à Vista», «Delírio em Lisboa», «Quem Sabe, Sabe», «Acerta o Passo», «Elas são o Espectáculo» «Pão, Pão, Queijo, Queijo», «Grande Poeta é o Zé», «Mãos à Obra» e «Peço a Palavra». As suas últimas representações seriam no início da década de 70 em «Ó Zé Aperta o Laço» (1970) e «Viva a Pandilha» (1972).
 
Para o ator Henrique Santana, «Max tinha a rara qualidade de provocar imediatamente a simpatia de uma plateia». Já para um dos seus grandes amigos e parceiro o ator Raul Solnado «Max era um homem generoso, sensível, leal, afável, divertido. Tinha presente todas as qualidades para merecer uma grande amizade. Ele foi um homem que conheceu o mundo todo e apesar disso, conseguiu conservar intacta a sua maravilhosa ingenuidade e o seu carácter genuíno. Contava histórias divertidíssimas e passávamos horas a ouvi-lo». 
 
Sabia que?

O Borracho

 
 
 
 
 
 
Sabia que o “borracho” ou “odre”, feito de pele de cabra, era o meio utilizado para transportar o mosto da uva? Este artefacto é dos poucos componentes da faina vitivinícola, tipicamente madeirense. 
 
Durante as vindimas, os homens munidos de facas podões e navalhas, cortavam os cachos e enchiam os “cestos vindimos”, em vime, que eram transportados até o lagar de fuso, em madeira. Ao fim do dia, terminada a apanha, procediam à pisa da uva, no lagar, de pé descalço e calça arregaçada, árdua tarefa que se prolongava pela noite dentro. 
 
De madrugada, transportavam o mosto às costas, nos “borrachos” ou em barris, percorrendo a pé os íngremes caminhos que os conduziam às adegas, nos armazéns do Funchal.
Sabia que?

Bandas Filarmónicas Madeirenses

 
 
Das várias práticas musicais amadoras existentes na Madeira, as bandas filarmónicas representam a face mais visível do espírito associativo, musical e cultural, que encontrou primeiro no Funchal (1850) e depois em todo o espaço rural uma adesão inquestionável. Sociedades musicais, alicerçadas na comunidade que as envolve, o mundo das bandas continua a desempenhar um papel inter-relacional de relevo, abrindo as portas não só para o conhecimento da música e prática musical como também para a afirmação de vilas e freguesias.
 
Até ao 25 de Abril de 1974, a inexistência de escolas de música fora do Funchal, centrou na ‘’escola da banda’’ toda a atividade de aprendizagem prática e teórica. Uma arte, que contou apenas, com a persistência dos mestres e a disponibilidade de quem queria aprender. Muitos dos músicos, mestres e compositores que hoje homenageamos, passaram por estas formações, dando de si e do seu tempo, para um fim comum, a prática musical colectiva. Até ao final da década de 30, do século passado, todo um movimento de constituição destas sociedades, levaria a ‘’música de sopro’’, a freguesias como o Arco de são Jorge e até à ilha do Porto Santo.
 
 
 
 
 
 
 
A sala de ensaio, de algumas destas bandas, serviu também como banco de escola, a muitos que não tiveram uma primeira oportunidade para ler, escrever e contar. Gente que vivia do magro sustento da agricultura, usando o fato da banda, em ocasiões festivas, ou calçando pela primeira vez, um par de sapatos. Tempos difíceis, em que a música feita no coreto, era também um sopro de liberdade, numa valorização pessoal e humana, que fora dele simplesmente não existia. O modelo, a formação e direção das bandas civis iria ser decalcado das congéneres militares, sendo os seus mestres contratados pelas mais importantes sociedades musicais madeirenses. Assim aconteceu com a Banda Municipal do Funchal (1850), a Banda Municipal de Câmara de Lobos (1872) e a Banda Distrital do Funchal (1872), as três mais antigas formações que durante muito tempo disputaram entre si não só aspetos de rivalidade mas os talentosos mestres militares, únicos ao tempo no saber musical, específico, para este tipo de agrupamento.
 
 
No entanto, é sem dúvida nenhuma, fora do Funchal que o fenómeno das bandas ganha expressão. Primeiro no Paul do Mar (1874), depois na Ponta do Sol (1882) seguindo-se Faial (1895), Santa Cruz e Machico com atividade musical já em 1896. As bandas filarmónicas madeirenses estão de porta aberta e prometem muita atividade para o séc. XXI. Acima de tudo, continuar a formar jovens músicos, marcando-lhes positivamente a vida com trabalho de grupo, persistência e alegria.
 
 
Nota: Créditos fotográficos: https://www.museubandasfilarmonicas.pt/bandas/    Museu  Bandas Filarmónicas Região Autónoma da Madeira.
 
Sabia que?

CENTRO CULTURAL JOHN DOS PASSOS

 
O Centro Cultural John Dos Passos foi inaugurado a 20 de Setembro de 2004, em cerimónia presidida pelo Presidente do Governo Regional da Madeira, e contou com a presença de Lucy Dos Passos Coggin, Rodney Coggin e Lara Dos Passos Coggin, respetivamente, filha, genro e neta do escritor americano descendente de um imigrante da Ponta do Sol.
O imóvel, adquirido pelo Governo Regional da Madeira em 1996 a Maria Amália Pitta Telles, herdeira e última proprietária da Villa Passos, na altura a residir na Venezuela, foi objeto de um delicado processo de recuperação, mas mantém a traça original dos finais dos anos 30, altura em que sofreu as derradeiras alterações pelo seu último inquilino, seu pai Dr. Fortunato Pitta.
 
 
O Centro Cultural John Dos Passos – um prédio construído na primeira metade do século XIX – está situado bem no coração da Ponta do Sol e constitui um “ex libris” do património edificado e histórico da vila.A Villa Passos, na Ponta do Sol, pertenceu a familiares de Manuel Joaquim Dos Passos, nascido em 1812, avô paterno de John Dos Passos, que emigrou para os Estados Unidos, em 1830, onde formou família.
Agora é uma instituição de carácter cultural.
 
 
CASA-MÃE
 
A casa que hoje acolhe o Centro Cultural John Dos Passos foi, no século XIX, propriedade de familiares do escritor. Neste espaço além de uma biblioteca, podemos ainda visitar dois espaços museológico e uma exposição perante sobre a vida e obra do escritor John Dos Passos.
 
 
JOHN DOS PASSOS
 
O escritor John Dos Passos nasceu em Chicago em 1896. Neto de um pontassolense, ao longo da sua vida sempre mostrou interesse e orgulho nas suas raízes madeirenses tendo visitado a ilha da Madeira, em 1905, 1921 e em 1960. O seu último livro intitulado “The Portugal story: three centuries of exploration and discovery” é precisamente um tributo às suas origens.
 
 
BIBLIOTECA
 
A Biblioteca do Centro Cultural John Dos Passos é composta por um acervo bibliográfico variado, quer a nível temático, quer a nível da nacionalidade dos autores. Neste espaço podemos encontrar ainda publicações periódicas, material não livro e ainda alguns livros em Braille. A maioria dos livros podem ser requisitados. Deste acervo constam, atualmente, cerca de 6.000 livros, todos resultantes de doações de diversas entidades públicas, nomeadamente da Embaixada dos Estados Unidos da América em Lisboa, da FLAD, entre outros, e de particulares como Lucy dos Passos Coggin, filha do escritor John Dos Passos e Maria do Carmo da Cunha Santos, principal doadora.
 
 
SALA DE RESERVADOS
 
É nesta sala que se concentra o espólio monográfico mais importante. Podemos encontrar todas as obras bibliográficas do escritor John Dos Passos traduzidas em várias línguas. Estas obras são de consulta presencial.
 
 
QUARTO DE DORMIR DO SÉC. XIX
 
O quarto de dormir do Século XIX Manuel Joaquim Dos Passos é um dos espaços museológicos que podem ser visitados. Aqui iremos encontrar diversos objetos e mobiliário que nos transportam até a uma outra época.
 
 
COZINHA DO SÉC. XIX
 
A cozinha caracteriza-se por seguir o estilo do início do século XIX. Composta por utensílios típicos da cultura madeirense, como, amassadeira de pão, e tabuleiro de madeira, que no passado servia para disposição dos alimentos, candeeiros a petróleo, panelas de ferro e cuscuzeiro, utilizado para confecionar cuscuz. Para além destes objetos, é possível encontrar uma coleção de loiça de Sacavém, nos armários com vitrinas, que dá um toque de elegância a cozinha. Nesta cozinha, bem típica da região, dá-nos a conhecer a tradição de amassar o pão, no forno a lenha, existente na cozinha desde a sua construção, através de quadros que mostra os vários procedimentos até o seu processo final.
 
 
AUDITÓRIO
 
O auditório do Centro Cultural John Dos Passos acolhe anualmente as mais variadas atividades. Desde a música ao teatro, passando por conferências, colóquios e atividades escolares. Conta com uma média anual de 20.000 entradas.
Por cá já passaram grandes nomes do teatro português como Ruy de Carvalho, Marina Mota, Ana Bola e Florbela Queiroz.
Tem capacidade para 180 lugares sentados.

 

 

 

 

 

Sabia que?

Ofícios de outrora – O amolador de tesouras

 
Antigamente, era comum ouvir-se pela cidade o som prolongado do apito, dos chamados “amoladores de tesouras”, quando calcorreavam as ruas, à procura de clientes. No século passado eram muitos os clientes que recorriam aos seus serviços, nomeadamente as bordadeiras, os alfaiates, os sapateiros e as então designadas mulheres dos recortes, das casas de bordados, que lhe levavam as tesouras e facas para amolar. As facas, tesouras e podões, eram amolados na pedra, acionada por um sistema de correias e pedal. 
 
Com a evolução tecnológica e a progressiva extinção de algumas destas profissões, o volume de clientes diminuiu, conduzindo este ofício tradicional à extinção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em 2004, Luís Gomes Júnior doou ao Museu Etnográfico da Madeira, a sua máquina de amolar tesouras e outras ferramentas, que durante muitos anos utilizou no seu quotidiano, garantindo “o futuro do passado”.
 
Nascido em 1926, aprendeu o ofício com o seu pai, Luís Gomes, natural da Galiza. Quando iniciou o ofício, percorria as ruas da cidade e de algumas zonas rurais. Na década de 50 do século passado, fixou-se na zona do Mercado dos Lavradores, junto a uma árvore, existente no Largo da Feira. Quem se lembra?
 
Sabia que?

Solar de São Cristóvão – Solar visitável

 
 
Exemplar raro de arquitetura senhorial, este solar sofreu algumas transformações, fruto do devir dos tempos. Construíram-se instalações sanitárias, atelier, biblioteca, quartos, onde outrora havia lojas, adega, dormitório dos serviçais.
 
A 13 de Março de 1987 , Carlos Cristóvão doou o imóvel à Região Autónoma da Madeira, atualmente classificado como Imóvel de Valor Local ,estando, à altura, em avançado estado de degradação. A Secretaria Regional de Turismo e Cultura começa a restaurar o solar, onde, em 2000, veio a funcionar a "Casa do Artista", residência temporária de vultos do mundo da cultura.
 
 
 
 
 
 
Reabre em 2019, como solar visitável, justamente a celebrar os 600 anos do descobrimento da Ilha da Madeira, restituindo a sua aura mítica a este solar de tempos remotos, que Machico conserva entre os seus vales e simultaneamente, o usufruto pleno da antiga capela de veneração a santo Amaro, muito prezado pela população, alvo de romarias e promessas.
 
Inscrevemos assim, na memória coletiva, a importância desta família, com destaque para o derradeiro Cristóvão, a quem rendemos homenagem, relembrando a sua obra literária e dedicação a este sítio único, por ter permanecido na mesma linhagem desde a sua fundação.
A visita a este solar é um convite ao passado. Na memoria deste lugar e destas gentes, que desde 1792 aqui inscreveram o seu ADN, tornaram este solar numa “relíquia”, num hiato de tempo centenário que por pertinácia , não o deixámos e ser apagado .
 
 
Autor: Teresa Klut

 

Sabia que?

” Os jardins"

 
 
 
 
 
 
O século XIX trouxe o encantamento do Romantismo, evidenciado através da nova conceção dos espaços ajardinados, na construção dos canteiros, nos caminhos empedrados em pedra rolada, nas fontes em pedra de fajôco, bem como na localização das casinhas de prazer, espaços melancólicos, bem ao gosto da época.
A Quinta das Cruzes possui um amplo parque ajardinado, de inspiração Romântica, envolvido por árvores centenárias de grande porte, que ladeiam os caminhos empedrados em calhau rolado. A área total da Quinta, com cerca de 1 hectare, contempla área ajardinada e edificada, grutas, fontanários construídos em pedra de fajôco, um miradouro com vista sobre a baía do Funchal e outros pequenos espaços. 
 
 
É também neste espaço que se localiza a pintura mural (fresco) que se encontra sobre o frontispício de um dos fontanários, descoberta casualmente em 1998, e que data de finais do século XVIII.
O Jardim que constitui parte integrante e fundamental desta unidade museológica, apresenta ainda a criação de espécies botânicas endémicas e indígenas da Ilha da Madeira e um «Orquidário».
Sabia que?

Dia dos Namorados Ou Dia de São Valentim

 
 
Sabia Que?,  esta festa tem origem pagã, sendo mais tarde adaptada pelo Cristianismo?
Na antiga Roma, fevereiro era o mês oficial do início da Primavera. Comemorava-se a fertilidade da terra e era também considerado um tempo de purificação e renascimento.
O dia 14 de Fevereiro era o dia dedicado à deusa Juno que, para além de rainha de todos os deuses era, também, para os romanos, a deusa das mulheres e do casamento.
 
Na noite de 14 para 15 iniciava-se a Lupercália, dedicada ao Deus Lupercus, que celebra o amor, a juventude e a fertilidade. Estes festejos possuíam vários ritos dedicados ao amor e à fertilidade.
Um deles consistia em escrever os nomes das raparigas solteiras em pequenos pedaços de papel e colocados em vasos ou caixas, de onde eram retirados, um a um, por cada rapaz. Após este sorteio os pares escolhidos passavam juntos toda a época festiva. Muitas vezes, estes casais apaixonavam-se e casavam.

 
Também os sacerdotes das Lupercálias sacrificavam um bode e depois tocavam na fronte de dois rapazes nobres com uma faca ensanguentada como se fosse a memória de um homicídio sagrado. A seguir limpavam a nódoa, com lã, molhada no leite. Então, dava-se início a uma orgia, durante o qual os lupercos percorriam Roma a dançar. Usavam chicotes, feitos com a pele da vítima imolada, para açoitar as mulheres. Os romanos acreditavam que esta prática tornava os casais mais fecundos e as famílias mais numerosas.
 
 
 
 
 
 
Como muitas outras festas pagãs, as Lupercálias foram adaptadas ao Cristianismo, no ano 496, aproveitando o dia da morte de um mártir cristão, São Valentim, ocorrida no ano 270. Devido à crueldade da sua morte (no dia 14 de fevereiro), São Valentim foi aclamado como herói e esta data foi recordada e celebrada, até que o Papa Gelasius o canonizou em 498 e o tornou patrono deste dia.
 
São Valentim foi um padre da época do imperador romano Claudius II (séc. III d.C.). Este imperador como não conseguia fazer com que muitos romanos se alistassem para dar corpo a um exército, porque não queriam abandonar as suas famílias para irem para a guerra, proibiu os casamentos. São Valentim desobedeceu a esse decreto e realizava casamentos em segredo. Não tardou que fosse apanhado em flagrante, tendo sido encarcerado e condenado à morte. Foi então que, aguardando a sua execução, apaixonou-se pela filha do carcereiro que o visitava regularmente. Na prisão escreveu-lhe um bilhete, assinado “do teu Valentim”, que terá estado na origem da tradição atual.

 

Sabia que?

CARNAVAL DE OUTRORA - Os “Guerrilhas” – Anos 60

 
 
 
 
 
 
 
 
Sabia Que?,  a Banda Distrital do Funchal era popularmente conhecida pelos “Guerrilhas”? Entre os anos 50 e 70, do século passado, era comum os membros desta banda filarmónica, disfarçarem-se para o desfile musical pelas ruas e, mais tarde, animarem o baile na sua sede.
 
O Carnaval da Banda Distrital do Funchal ou “Carnaval dos Guerrilhas”, como ficou popularmente conhecido, era muito concorrido.
Como refere Vitor Sardinha, realizado ao estilo brasileiro, reunia toda a formação numa troupe musical, com um enredo apropriado. A festa começava com o percurso da Pontinha até ao cais da cidade, como se a banda viesse de fora. Todos os anos havia um ou dois trajes diferentes, e a música, ao estilo brasileiro, era enviada para um dos membros da direção, o Sr. Brazão, que, sendo brasileiro, tinha inúmeros contactos com escolas de samba cariocas. Essa ligação permitia tocar todo o tipo de repertório recente, uma grande vantagem perante as congéneres que se limitavam a tocar temas antigos.
Aqui ficam algumas imagens, captadas em 1960, por Manuel Gonçalves Rosado e que fazem parte do seu espólio.
 

Nota: Fonte bibliografia:SARDINHA,Vítor;http://aprenderamadeira.net/bandas-filarmonicas-madeirenses/

 

Sabia que?

Os Jardins

 

 

 
 
 
 
O século XIX trouxe o encantamento do Romantismo, evidenciado através da nova conceção dos espaços ajardinados, na construção dos canteiros, nos caminhos empedrados em pedra rolada, nas fontes em pedra de fajôco, bem como na localização das casinhas de prazer, espaços melancólicos, bem ao gosto da época.
 
A Quinta das Cruzes possui um amplo parque ajardinado, de inspiração Romântica, envolvido por árvores centenárias de grande porte, que ladeiam os caminhos empedrados em calhau rolado. A área total da Quinta, com cerca de 1 hectare, contempla área ajardinada e edificada, grutas, fontanários construídos em pedra de fajôco, um miradouro com vista sobre a baía do Funchal e outros pequenos espaços.
É também neste espaço que se localiza a pintura mural (fresco) que se encontra sobre o frontispício de um dos fontanários, descoberta casualmente em 1998, e que data de finais do século XVIII.
 
O Jardim que constitui parte integrante e fundamental desta unidade museológica, apresenta ainda a criação de espécies botânicas endémicas e indígenas da Ilha da Madeira e um «Orquidário».
 
 
Sabia que?

A Capela da Quinta das Cruzes

 

Em finais do século XVII, a Quinta das Cruzes sofreu as suas primeiras grandes transformações. Data desta época a construção (datada de 1692 segundo a inscrição do pórtico) e posterior instituição (1695) da Capela de Nossa Senhora da Piedade, localizada no extremo sul do espaço ajardinado. Este edifício foi erigido pelo morgado da “Casa das Cruzes”, Francisco Esmeraldo Correia Henriques casado com Catarina Lomelino de Vasconcelos.
 
 
A capela foi construída em invocação do Convento Franciscano da Senhora da Piedade em Santa Cruz fundado no século XVI (1518) pelo genovês Urbano Lomelino (e que caiu em ruína após a extinção das ordens religiosas em 1834). Apresenta, no seu interior, uma nave única com um altar composto por um retábulo em forma de portal, executado em pedra mole da região e talha dourada que emoldura uma pintura a óleo sobre tela, Lamentação sobre Cristo Morto (c. 1700), da autoria de Bento Coelho da Silveira (1620-1708).
Ao lado da epístola foi integrado na parede, o túmulo de Urbano Lomelino em mármore branco do século XVI e de composição manuelina, sendo um exemplar único na Madeira.
 
 
 
 
 
 
Sabia que?

MONUMENTO DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS (CANHAS)

 

 

O Monumento de Santa Teresinha do Menino Jesus, situado na freguesia dos Canhas, concelho da Ponto do Sol, foi um projecto da autoria do arquitecto Anjos Teixeira. As origens deste conhecido monumento religioso, remontam a uma promessa de Matilde Amália da Trindade Cabral de Noronha (1890-1973), em terreno cedido pelo seu marido Francisco Cabral de Noronha (1891-1962). Esta obra contou com o apoio de benfeitores particulares da freguesia dos Canhas e fora dela, tendo a recolha dos mesmos se iniciado em 1945 na Madeira, tendo-se estendido às comunidades madeirenses no Brasil, Venezuela, África do Sul e Estados Unidos da América.

 

 

 

 
 
 
O lançamento e bênção da primeira pedra ocorreu a 17 de Outubro de 1954. A inauguração oficial sucedeu apenas a 31 de Maio de 1964 com a presença do Bispo do Funchal, D. David de Sousa, do Governador Civil, Comandante João Inocêncio Camacho de Freitas, Presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, Comendador Joaquim Sequeira Cabrita e demais autoridades civis e militares totalizando umas duas mil pessoas na freguesia. Nesse mesmo dia, foi precedia uma procissão com a imagem de Nossa Senhora dos Sorrisos, inicialmente depositada na igreja e trazida em veneração ao monumento.
 
Este monumento é hoje uma referência na freguesia, constando da heráldica da mesma. É um lugar de culto no dia 3 de Outubro (Festa de Santa Teresinha), no dia 2 de Novembro (dia dos defuntos), bem como no Natal, Domingo de Ramos e para a celebração de algumas missas encomendadas. Este local é também usado como local de convívio aos domingos e passagem de ano.
 
Nota: Fonte e fotos "A Freguesia dos Canhas. Um olhar da História" de Gabriel de Jesus Pita 1ª edição 2011.
Sabia que?

Bailinho da Madeira

 
Sabia que a 18 de setembro de 1938 foram cantados, pela primeira vez, os versos que estão na origem do “Bailinho da Madeira”?
 
 
Nos dias 18 e 19 de setembro decorreu no Funchal a “I Festa da Vindima”, organizada pelo padre Laurindo Leal Pestana, responsável pela Escola de Artes e Ofícios, e por uma comissão da Estacão Agrária da Madeira, com o objetivo principal de angariar fundos para reconstruir e manter as despesas correntes da escola e ainda divulgar a uva e o vinho da Madeira.
 
Esta festa espalhou-se a todo o arquipélago e de todas as localidades foram doados produtos agrícolas para serem vendidos nos dias da festa, revertendo o produto para a dita escola.
 
Durante a festa, a Delegação de Turismo da Madeira promoveu um concurso de ranchos folclóricos com atribuição de prémios. Participaram 11 grupos.
 
No dia 18 de setembro realizou-se um cortejo com os produtos agrícolas, acompanhado pelos ranchos folclóricos, desde a ponte de São Lázaro, na zona oeste da cidade do Funchal, até ao Campo Almirante Reis, na zona leste – o centro da festa. O rancho do Arco da Calheta, através do seu líder, o poeta analfabeto João Gomes de Sousa (1895 – 1974), mais conhecido por Feiticeiro da Calheta, que ao se aproximar da tribuna das entidades cantou: “Deixai passar / Esta nossa brincadeira / Que nós vamos cumprimentar / O governo da Madeira. / Eu venho de lá tão longe / Venho sempre à beira mar / Trago aqui estas couvinhas / P’ra amanhã p’ro seu jantar”. Estes versos aludem à viagem de barco desde a Calheta e aos produtos agrícolas que traziam para a escola.
 
No dia 19 de setembro de 1938 decorreu o concurso de ranchos folclóricos. Em primeiro lugar ficou o rancho do Arco da Calheta. Satisfeito com o prémio, o Feiticeiro da Calheta cantou: “Deixa passar / O senhor da capa preta / Quem ganhou o primeiro prémio / Foi o rancho da Calheta. / Deixai passar / Esta linda brincadeira / Que a gente vamos bailar / Pr’a gentinha da Madeira”.
 
Em 1949 estes versos foram adaptados e gravados na editora Valentim de Carvalho, pelo artista Maximiano de Sousa, mais conhecido por Max (1918 – 1980), com arranjos musicais de Tony do Amaral e Mário Gonçalves Teixeira, dando origem à música “Bailinho da Madeira”: “Eu venho de lá tão longe / Venho sempre à beira-mar / Trago aqui estas couvinhas / P’ra amanhã o seu jantar. / Deixai passar / Esta linda brincadeira / Que a gente vamos bailar / P’ra gentinha da Madeira. / E a Madeira é um jardim / No mundo não há igual / Seu encanto não tem fim / É filha de Portugal”.
 
O “Bailinho da Madeira” é uma das músicas portuguesas mais conhecidas em todo o mundo sendo interpretada inúmeras vezes por outros artistas.
 
Texto: Paulo Ladeira /DRC.

 

 

Sabia que?

O BORDADO DA MADEIRA

 
Não se sabe a data precisa do início do bordado na Ilha da Madeira com os pontos que lhe ficaram característicos. Muitas foram as influências: uma longa tradição portuguesa, ligada aos primeiros colonizadores da Ilha, que consigo trouxeram os seus conhecimentos é uma boa raiz justificadora; o contributo dos bordados litúrgicos a matiz, ouro e prata que durante os séculos XVI, XVII e XVIII foram realizados nos Conventos de Santa Clara, Mercês ou da Incarnação.
 
Para além disso, e sobretudo, o talento local da mulher madeirense; Muita da inovação e incremento ao Bordado Madeira é dado por uma senhora inglesa a viver na Madeira, à volta de 1860, Miss Elisabeth Phelps. Esta terá levado o bordado feito na Madeira para a Inglaterra e desta forma, das mãos da mulher madeirense para a alta classe inglesa, o bordado da Madeira foi-se tomado conhecido em todo o mundo. O Bordado reflete a influência entrecruzada de bordados Richelieu, Renascença, Veneziano, e de rendas divulgadas por toda a Europa no século XIX, como Guipure,  Richelieu e Dresden, levando a que na Madeira se procurasse transferir para o bordado a motivação das rendas. Parece ter sido influenciado directamente pelo bordado escocês, designado por Ayrshire Work , bordado branco, realizado nesta região da Escócia entre 1820 e 1870.
 
No princípio da produção do Bordado Madeira, foi utilizado algodão de cassa, cambraia ou linho, sendo aplicada a linha branca baça, e mais raramente o azul e o vermelho. Só com o século XX, se introduziu a linha castanha, começando também a aplicar-se o linho cru. Muito curiosa é a alteração dos materiais utilizados como suporte, onde se assiste à aplicação das sedas, do crepe, tule e organdi.
 
Um aspeto peculiar prende-se com algum secretismo, em relação aos desenhos, que eram guardados religiosamente por cada família, e passados de geração em geração.
 
Se nos maravilhamos com o bordado Madeira, total terá de ser a nossa admiração para com as Bordadeiras anónimas, que mantêm vivas tradições de insuperável técnica e beleza, passadas de geração em geração, produzindo obras de arte a partir de um simples pano de linho. A homenagem às bordadeiras deve estender-se a todos os que há gerações trabalharam nas fábricas de bordado, desenhando, estampando, engomando, permitindo o acabamento perfeito dos trabalhos até chegarem junto do público. Talento local, grande qualidade de execução e padrões exclusivos fazem com que o bordado da Madeira seja único: reflete a beleza da Ilha, o Povo e a Tradição.

 

 

Sabia que?

Bonecas de Massa

 
As "bonecas de massa" ou “bonecas de maçapão” eram figuras comestíveis, confecionadas com farinha de trigo (massa de pão) e eram vendidas, tradicionalmente, nos nossos arraiais.
 
O casal de bonecos simboliza a união e, portanto, a fertilidade e a fecundidade. Presenças obrigatórias nos arraiais, estas figuras eram exibidas pelos romeiros, sendo colocadas nos chapéus, penduradas nos colares de rebuçados ou transportadas na mão por crianças e adultos. O uso de figuras rituais modeladas em massa de pão remonta à Antiguidade. Usualmente associadas a rituais de fertilidade, ao culto dos mortos ou a rituais agrícolas, relacionados com a regeneração e proteção das sementeiras, estes “bonecos comestíveis” ocupam um lugar muito específico entre a doçaria e os pães figurativos, tendo sido o seu fabrico muito comum na Idade Média.
 
Em Portugal a par da doçaria conventual, amplamente difundida a partir do século XVI, surgiu também uma outra, de caráter profano, comercializada nas romarias pelos vendedores ambulantes, na qual se incluía vários tipos de doces e pão, cuja morfologia variava de região para região. As suas formas iam desde figuras antropomórficas, a figuras relacionadas com a flora e a fauna ou inspiradas em motivos populares, nomeadamente o coração, símbolo muito enraizado na cultura popular portuguesa. Desconhece-se ao certo a origem deste figurado de maçapão vendido no nosso arquipélago, por altura das Romarias, nos chamados arraiais.
 
É, no entanto, provável que tenha sido introduzido pelos primeiros colonos e se tenha transformado, ao longo do tempo, pelas mãos e criatividade das nossas artífices, distinguindo-se pelas suas originais formas e cores. As figuras produzidas são morfologicamente variadas e possuem diferentes dimensões: o casal, inspirado na figura humana feminina e masculina, símbolo de fertilidade e fecundidade, o galo, que simboliza a vigilância e o trabalho e relaciona-se com cultos ancestrais de proteção na doença, as pulseiras ou argolas, símbolos do eterno retorno e da eternidade e os cestinhos encanastrados. Salomé Teixeira, natural do Sítio da Mãe de Deus, freguesia do Caniço, concelho de Santa Cruz, dedicou toda a sua vida à produção destes artefactos, tendo aprendido o ofício com a sua mãe.
 
O Museu Etnográfico da Madeira possui uma coleção deste figurado da autoria desta artífice. Esta atividade artesanal sobreviveu, nesta família, ao longo de várias gerações. A D. Ludovina, uma prima desta artífice, e as suas três filhas, Felicidade, Glória e Trindade, naturais do Sítio dos Barreiros, na mesma freguesia, também se dedicaram durante muitos anos a este ofício. Todas as fases de fabrico exigiam muita habilidade, adquirida ao longo de muitos anos de aprendizagem no seio familiar: havia que preparar a massa, tendê-la, modelar as figuras, ornamentá-las e cozê-las. As matérias-primas utilizadas nestes artefactos eram farinha, água e fermento para fazer a massa, corante de ovo para lhes dar cor, papel de seda azul e vermelho para ornamentar as figuras e sementes, nomeadamente de “bananeira de jardim” ou de “cebolinho”, para colocar nos olhos dos bonecos e passarinhos. Estes elementos permaneceram até os dias de hoje, afirmando-se quase como um “símbolo” destas festividades e ocupando um lugar de destaque no nosso artesanato tradicional, podendo esta ser considerada uma das utilizações mais interessantes dos cereais na produção artesanal madeirense.
 
Fotografia: Jorge Freitas Branco, Florêncio Pereira. Coleção Museu Etnográfico da Madeira

 

 

Sabia que?

A tradição dos TAPETES DE FLORES na Ilha da Madeira

 
 
A música, a gastronomia e as ornamentações distinguem um dia festivo, uma romaria, uma procissão, de um dia comum na vida do madeirense. É tradição na ilha da Madeira avistarem-se, mesmo de longe, ornamentações florais, rico colorido que acompanha a linha reta ou curva dos caminhos, ruas, ruelas e becos – são os longos tapetes florais, autênticas passadeiras de flores naturais, que mãos humanas constroem, em formas tendencialmente geométricas, montadas através de moldes de madeira ou cartão duro, que funciona como um módulo, cujos espaços abertos são ocupados com flores, pétalas, musgos, verduras, revelando uma organização / composição em forma de padrão, por vezes assimilando-se a um arranjo floral ou empiricamente a uma forma fractal, como se encontra na Natureza (divisão e repetição rigorosa de formas).
 
A feitura dos tapetes de flores resulta de um trabalho organizado por vizinhos, amigos, familiares, paroquianos, fregueses ou até por instituições das localidades. Se as cidades hoje aderiram a esta tradição, a verdade é que a sua raiz tradicional é, basicamente, rural, e quase sempre com relação direta a práticas religiosas, daí que surgem, alternadamente, e extravasando a largura do tapete, representações alusivas à Igreja, como a cruz de Cristo, o cálice, a hóstia, estrelas, corações, cordeiros, monogramas, etc.
 
Os tapetes assumem relevância na marcação de itinerários por onde passam as procissões, bandas filarmónicas, comunidades / instituições paroquiais e multidões (gentes de fé ou simples curiosos). Destacam-se os tapetes florais para as festas em louvor do Santíssimo Sacramento, com solene ritual. Sobre o tapete passa o sacerdote, sob um pálio, transportando e exibindo uma custódia, normalmente dourada ou de prata dourada, a mais rica e moderna da igreja, com o Santíssimo Sacramento. A ladear o tapete seguem-se as bandeiras, pendões, anjos, irmãos das confrarias, festeiros, fiéis cumprindo promessas, banda de música e o povo. Mas semelhante ritual repete-se, por vezes, em outras festas de acordo com o orago das igrejas, embora de maior simplicidade. Recorde-se, ainda, por exemplo, a passagem da imagem de «Nossa Senhora de Fátima», na Madeira, em 1948, onde ruas foram atapetadas com flores.
 
 Para a construção dos tapetes de flores, a população local, nas vésperas das festas, e organizada por grupos, recolhe flores silvestres nas serras madeirenses, mas também conta com as flores plantadas nos jardins privados, e mais recentemente recorre a plantações realizadas de propósito para a construção dos tapetes, revelando uma organização atempada e até certa competição entre sítios e freguesias para que a sua porção de tapete seja a mais bonita ou vistosa. Desde sempre os forasteiros ficaram encantados com as plantas e flores da Madeira, como testemunhou Isabel de França, no seu «Jornal de uma visita à Madeira e Portugal: 1853-1854». Isabel de França ficou deslumbrada com as serras verdejantes, mas também com as giestas, trepadeiras, balsaminas, fetos, urzes, murtas, musgos, e especialmente com os jardins onde abundavam gerânios, mimos, bálsamos, acácias, rosas bravas, açucenas, jarros, madressilvas, etc. Curiosamente muitas destas flores ainda compõem os tradicionais tapetes de flores, predominando cores e cheiros.
 
Os tapetes são construídos com uma largura entre os 50 cm e os 80 cm e um comprimento de centenas de metros, atingindo em algumas localidades mais de um quilómetro, sendo utilizada uma grande diversidade de materiais naturais. Na base ou cama do tapete são aplicados musgos ou verduras cortadas, como o cedro, o buxo, a urze, etc. Por cima, a contrastar com a base, são colocadas as flores, desfolhadas (“despencadas”, como diz o povo) ou inteiras, de grande diversidade formal e de intenso colorido, que estão meticulosamente arrumadas em caixas, cestos ou baldes, por cores e tonalidades. Entre muitas variedades são comummente utilizadas as hortênsias (“os novelos”), as coroas de Henrique, as dálias, as próteas, as gerberas, as rosas, os brincos-de-princesa, as sardinheiras, os não-me-deixes, ou mesmo os sapatinhos e as estrelícias, introduzidos mais recentemente. Na realização de determinados motivos, há o recurso pontual a outros materiais como a farinha, farelo ou aparas de madeira.
 
Os tapetes florais, em meados do século XX, em pleno Estado Novo, também foram muito empregues em acontecimentos profanos aquando da passagem de entidades governamentais. Por exemplo, a 22 de junho de 1941, na inauguração dum troço da Estrada Regional, entre os Prazeres e a Ponta do Pargo, registou-se que nesta última localidade o cortejo passou “sobre uma alcatifa de musgos” e na ponte da ribeira da Maloeira “o chão tem um tapete policromo, em que os musgos dão um piso macio. Legendas: «Viva Carmona!», «Viva Salazar», «Viva o sr. Governador Civil», «Viva a Junta Geral” e «Sêde Bemvindos»”.
 
 
 
Texto: Paulo Ladeira e Rita Rodrigues

 

 

Sabia que?

Cais da Ponta do Sol

 
 
O cais da Ponta do Sol, também conhecido pelo cais do Tojo, foi mandado construir, em 1848, pela Câmara Municipal da Ponta do Sol, conforme projeto do capitão engenheiro Tibério Augusto Blanc. Foi inaugurado a 9 de setembro de 1849.
 
Em virtude do duque Maximiliano de Leuchtenberg, príncipe de Eichtedt, ter feito um donativo monetário à localidade, aquando da sua visita, em 22 de setembro de 1849, a Câmara Municipal atribuiu ao cais a denominação de “Cais do Duque de Luxemburgo”, designação que não chegou à atualidade.
 
Em 1867 e 1874 foram edificadas as plataformas laterais de acesso ao mar, situadas, respetivamente, a este e oeste. Em toda a estrutura foi utilizada pedra regional, como o basalto, cantaria e calhau rolado, sobressaindo o amplo arco de volta perfeita que une a escarpa costeira ao cais. A anteceder a entrada do cais, observa-se uma antiga prisão, escavada na rocha, e a casa da guarda, situada na fronteira.
 
Até meados do séc. XX era o cais mais amplo e seguro de toda a encosta sudoeste da Madeira. A vila da Ponta do Sol, como sede de concelho e de comarca, contribuiu para que este cais fosse o segundo mais importante da Madeira, até inícios do séc. XX, com um movimento anual aproximado de 8000 toneladas de produtos agrícolas e alimentícios, e em 1947, por exemplo, movimentou 25798 passageiros.
 
 
 
Texto e fotografia: Paulo Ladeira.

 

 

Sabia que?

John Dos Passos

 
 
John Dos Passos, conhecido escritor americano, foi também pintor. Ao longo da sua vida pintou cerca de 400 obras de arte, na sua maioria aguarelas. Antes de ingressar no Curso de Letras, Dos Passos estudou arte fez vários esboços, desenhos, pinturas e aguarelas. Influenciado por vários movimentos artísticos, encontramos na sua obra uma mistura de Impressionismo, Cubismo e Expressionismo, criando assim um estilo único e próprio.
 
Depois de terminar os seus estudos em Harvard, em 1916, viajou para Madrid onde estudou arquitetura e teve as suas primeiras lições de desenho.
 
Aquando do seu sucesso literário, esta faceta de pintor tomou um papel secundário, mas nunca foi deixada de parte.
 
Foi durante as suas viagens, após a 1ª Guerra Mundial, que John Dos Passos aproveitou para retratar através das suas pinturas a maneira vibrante com que o novo mundo se apresentava.
 
Realizou algumas exposições no National Arts Club e no Whitney Studio Club. Algumas capas dos seus livros foram ilustradas pelo próprio John Dos Passos.
 
Em 2001 estreou uma exposição intitulada “A Arte em John Dos Passos” na Queens Barough Library em Nova Iorque, com 80 exemplares de obras do artista. Devido à adesão da população, esta exposição percorreu os Estados Unidos da América.

 

 

Sabia que?

Amândio Sousa

 
Amândio Sousa, escultor, nasceu no Funchal em 1934. Licenciado em Escultura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, foi aluno de Barata Feyo e de Lagoa Henriques, obtendo a nota de 20 valores. Tal como os elementos do grupo “Os Quatro Vintes” (Ângelo de Sousa, Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues), com quem conviveu mantendo uma relação de amizade.
 
Em 1961, participou na 24.ª Missão Estética de Férias em Beja, orientada pelo Prof. Armando de Lucena. Abriu, em 1964, com o Arq. Rui Goes Ferreira, a Galeria de Artes Decorativas Tempo, onde se realizaram inúmeras mostras de arte contemporânea.
 
Entre 1976 e 1978, foi Assessor para os Assuntos Culturais. Em 1977, é nomeado Diretor do Museu das Cruzes, cargo que exerceu até 2001. Participou em várias exposições individuais e coletivas, sendo de destacar em 2008 a mostra coletiva “Horizonte Móvel” e em 2016 as exposições “Derivações” e “Paralelamente”, esta última em colaboração com Jorge Pinheiro no MUDAS.Museu.
 
Autor de uma vasta obra pública entre a qual se destaca a escultura comemorativa do 1.º jogo de futebol realizado na Madeira, Camacha, a “Trilogia dos Poderes”, (1990 - Assembleia Legislativa da Madeira), a “Justiça” (1994 - Tribunal da Ponta do Sol) e em 2001 a “Escultura comemorativa dos 500 anos da fundação do concelho da Ponta do Sol”, foi por três vezes distinguido com o prémio Secil para escultura.
 
Das suas incursões pelo campo da arquitetura, destacam-se as colaborações com Arq. Chorão Ramalho resultando na conceção do sacrário para a igreja do Imaculado Coração de Maria e o relevo em betão para a entrada oeste do edifício do Centro de Segurança Social da Madeira (antiga Caixa de Previdência, 1970), no Funchal. Concebeu ainda mobiliário litúrgico para a Igreja do Carmo, Câmara de Lobos, da autoria do Arq. Marcelo Costa.
 
 

 

 

Sabia que?

ESCULTURA COMEMORATIVA DOS 600 ANOS DA DESCOBERTA DO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA

 
 
A «ESCULTURA COMEMORATIVA DOS 600 ANOS DA DESCOBERTA DO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA» foi inaugurada a 1 de Julho, «Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses», no presente ano de 2020. É seu autor o escultor madeirense Amândio de Sousa (Funchal, 1934).
 
É uma peça executada em aço pintado. Mede 6 metros de altura por 2,40 metros de diâmetro e pesa 5,8 toneladas. O projeto foi coordenado pela empresa «Massa Cinzenta» (arquiteto Duarte Caldeira). Encontra-se colocada na Rotunda Bernard Harvey Foster (Funchal).
 
Trata-se de uma encomenda para a «Comemoração dos 600 Anos da Descoberta do Arquipélago da Madeira» enquadrada no programa do XIII Governo da Região Autónoma da Madeira, que explicita a defesa «da criatividade, da investigação, do empreendedorismo, da promoção e da divulgação (…) [e] do potencial criativo e do seu património cultural».
 
A encomenda ao escultor Amândio de Sousa é um engrandecimento público ao artista e à sua obra. O escultor Amândio de Sousa é uma personalidade incontornável e figura de referência máxima no campo das artes plásticas, especialmente na área da escultura contemporânea (em vulto redondo ou relevo; medalhística e troféu; design e mobiliário), tendo explorado diversos materiais (barro, grés, gesso, pedra, fibra de vidro e betão).
 
Na «Escultura Comemorativa dos 600 Anos da Descoberta do Arquipélago da Madeira» atesta-se que o escultor valorizou a depuração formal, veiculando um despojamento decorativo e enaltecendo o rigor geométrico, com jogos de ortogonalidades e obliquidades, e intersetando planos que facultam diversas leituras, consoante a posição do observador, exigindo um exercício do olhar: ver, observar, sentir, compreender. Ler / interpretar esta peça escultórica é ir além da forma, do volume e da cor. É entrar na peça. Compreendê-la e senti-la: descobrir os seus simbolismos e metáforas.
 
Esta peça, ou «Árvore Metálica», é sublinhada pela verticalidade, fortemente implantada no solo (leia-se terra), que cresce e se ramifica (abre-se ao mundo, aos mundos), permitindo uma interpretação de expansão, carácter tão simbólico às viagens dos portugueses, a chegada ao arquipélago da Madeira e o início do seu povoamento. 
 
Esta «Árvore Metálica» permite olhar o mar, de onde chegaram «os homens [que] não sabiam nada do mar largo, porque navegavam ao longo das costas, temiam muito aquele negrume, afastavam-se desta rota e fabulavam grandes coisas desta escuridão (…) [mas foram] costeando a ilha ao longo do arvoredo, que em partes chegava ao mar (…)» (Jerónimo Dias Leite, c.1579).
 
Esta escultura é uma alusão à epopeia dos portugueses, das aventuras em busca de um mundo desconhecido, que implicou conhecimento, mas também medo, aventura, determinação, sofrimento, e sonho, tendo então o Arquipélago da Madeira grande importância na expansão atlântica, e o porto do Funchal uma referência à abertura ao mundo: aqui chegaram e daqui partiram homens de tantas nacionalidades, e ficou, felizmente, tanta memória em forma de PATRIMÓNIO CULTURAL.
 
A presente obra do escultor Amândio de Sousa reporta-se a uma escultura-comemorativa, que pela sua qualidade plástica e simbólica, perdurará no cenário desta capital atlântica evocando a epopeia dos Descobrimentos e a importância que o arquipélago representou nesse tempo histórico e o que representa ainda hoje na valorização deste destino turístico do ponto de vista da sua dimensão cultural, contribuindo para um novo sentir de quem aqui nasce, vive, habita, trabalha e depois de muitas vezes partir regressa, ou apenas está de passagem. É uma escultura-memória ao passado, perspectivando, sempre, um lugar no imaginário colectivo.
 
Amândio de Sousa formou-se na Escola de Belas Artes do Porto tendo sido seus professores dois grandes vultos da escultura portuguesa: Barata Feyo (1899-1990) e Lagoa Henriques (1923-2009). Relacionou-se com artistas que marcaram a vanguarda artística portuguesa, a partir da década de 60, do século XX, como os pintores Ângelo de Sousa (1938-2011), Armando Alves (1935-), Jorge Pinheiro (1931-) e o escultor José Rodrigues (1936-2016). Na Madeira desempenhou funções ligadas à cultura, como Assessor para os Assuntos Culturais (1976-1978), tendo elaborado o «Guia Básico da Acção Cultural», em parceria com Carlos Lélis (1931-), então Secretário Regional de Educação e Cultura. Foi director do Museu Quinta das Cruzes (1977-2001). É autor de artigos publicados em revistas e organizou eventos relevantes para a cultura (colóquios e exposições). Trabalhou em parceria artísticas com os arquitetos Rui Goes Ferreira (1926-1978); Chorão Ramalho (1914-2002); Marcelo Costa (1927-1994).
 
Das suas inúmeras obras públicas destacam-se: «Escultura Comemorativa do 1.º Jogo de Futebol na Madeira», Camacha, 1969; «Trilogia dos Poderes», Assembleia Legislativa da Madeira, 1990; «Escultura Comemorativa dos 500 Anos da Fundação do Concelho de Ponta do Sol», 2001.
 
 
 
 
 
Texto: Rita Rodrigues
 
Fotos (escultura na Rotunda Bernard Harvey Foster): Márcio Ribeiro/DRC.07.07.2020
 
 

 

Sabia que?

Caminho Real: Prazeres – Paul do Mar

 
 
 
Na Madeira a deslocação da população, por via terrestre, fazia-se até aos inícios do séc. XX, principalmente, a pé e, por vezes, em rede ou a cavalo. O antigo Caminho Real 23, com uma extensão de 166 km, circundava a ilha da Madeira e possuía diversos ramais de ligação ao litoral, como o que liga os Prazeres ao Paul do Mar. Este caminho, um percurso recomendado oficialmente (PR19), é rasgado em zigue-zague ao longo da encosta e permite, numa extensão de 1,8 km, passar de uma cota dos 535 metros para os 35 metros.
 
É maioritariamente construído em degraus abaulados e revestido com pedra partida e possibilita a contemplação de vários tipos de património. Logo no início da descida encontra-se o miradouro do Assomadouro, local privilegiado para observar o Jardim do Mar e o Paul do Mar, e os azuis do céu e do mar até à linha do horizonte. A meio do percurso uma derivação dá acesso à Maloeira. Ao longo do trajeto podem ser contemplados os poios, outrora abundantemente cultivados, as espécies endémicas da floresta do zambujal, alguns animais e várias cascatas.
 
Perto do Paul do Mar, a ribeira é transposta por uma ponte em arco abatido, edificada em 1903. Observam-se ainda, junto à ribeira, lavadouros e um moinho abandonado, camuflado na vegetação. Um pouco adiante é possível observar, de perto, vários aspetos relacionados com a atividade piscatória, como o cais, a lota, a antiga praça do peixe, os barcos e a escultura “Homem do Mar”, da autoria de António, Vânia e Nuno Mendanha, inaugurada, a 21 de agosto de 2004, durante a “Festa dos Capitães da Pesca” e que visa homenagear os pescadores desta localidade.
 
 
Texto e fotografia: DRC/Paulo Ladeira.
 
 

Sabia que?

Remates de telhado

 
 
Sabia que nos extremos dos beirais dos telhados, e por vezes nas cumeeiras, observam-se uma grande diversidade de figuras, chamadas de remates de telhado, a maioria em cerâmica e alguns em cimento. Tiveram uma grande aplicação a partir de finais do séc. XIX e ao longo da primeira metade do séc. XX, continuando o seu emprego, embora pontual, até aos dias de hoje, o que individualiza a arquitetura popular da Madeira.
 
A grande maioria eram feitos em olarias regionais, como a Funchalense e a do Lazareto. A sua grande utilização está associada à construção de novas habitações, a maioria com cobertura em telha marselha em detrimento do colmo e da telha portuguesa, e ao regresso de emigrantes, com melhores condições económicas e que devem ter influenciado este gosto.
 
As figuras empregues estão associadas à simbologia de proteção, religiosidade, espiritualidade, superstição, desejo de fertilidade, abundância, afirmação, podendo o mestre ou o proprietário da habitação utilizado um determinado motivo apenas por uma questão de gosto pessoal ou da existência no mercado.
 
Existem figuras, das mais simples às mais exuberantes, por vezes com variantes de uma temática. Observam-se cabeças humanas (meninos, senhoras, nobres, fidalgos), animais (pombas com asas abertas e fechadas, várias raças de cães, galos, papagaios, coelhos, gatos – por vezes assemelhados a porcos), grifos/dragões, folhagens de acanto e pontas de seta. Alguns deles são raros como os grifos e os galos.
 
 

 

Sabia que?

Maria Ascensão Fernandes Teixeira

 
 
Maria Ascensão Fernandes Teixeira nasceu a 13 de maio de 1926. Filha de José Nicolau Fernandes Teixeira e Conceição Fernandes Teixeira era a mais velha dos cinco filhos do casal, três raparigas e dois rapazes. Viveu toda a sua vida na freguesia da Camacha, apesar dos seus pais e irmãos se terem mudado para o Funchal, ainda não tinha concluído a escola primária. Foi na casa dos avós que permaneceu mesmo depois de iniciar a sua atividade como bailadora no Grupo Folclórico da Camacha. Aos 7 anos representou e cantou no Auto de Natal, assumindo o papel de anjo. Aos 9 anos participou como Saloia no Espírito Santo, acompanhada pela orquestra popular da freguesia (conhecida pelo povo como roquestra). Maria Ascensão seria também, durante 4 anos, a criança escolhida na Camacha para a grande festa do Espírito Santo.
 
A sua entrada num grupo de folclore, o único a que esteve ligada, aconteceu quando tinha 22 anos. O convite para integrar o Grupo de Folclore da Casa do Povo da Camacha, foi endereçado por António Martins Júnior, o principal bailador, com o conhecimento do diretor artístico Carlos Santos. Pelo percurso do grupo e pela entrega pessoal da própria Maria Ascensão esta acabaria por ser a sua principal atividade profissional e, em simultâneo a paixão da sua vida. O grupo teve no folclorista Carlos Santos uma referência importante, enquanto ensaiador e diretor artístico. Mas, com Maria Ascensão ganhou brilho e alegria nas suas apresentações públicas. Casada com Abel Policarpo de Freitas no dia 4 de Novembro de 1957, elemento também do conjunto, dinamizou por mais de 50 anos as danças tradicionais da Madeira.
 
A sua ação envolveu não só os elementos do grupo original, como também a formação de novos bailadores. Com ela, passando esse testemunho da cultura e tradição estiveram todos os elementos da coletividade, salientando-se os nomes de Adolfo Freitas, António Sérgio Martins, José Valentim Rodrigues, António Policarpo e naturalmente o próprio marido, Abel Policarpo que começou por tocar rajão e mais tarde violino. Em 1949, Maria Ascensão foi entrevistada e fotografada pelo Século Ilustrado, em Lisboa. Esta foi a sua primeira entrevista, numa publicação de referência para aquela época.
 
«A Loura da Camacha» foi a escolhida entre os elementos para dar a conhecer ao país, a embaixada folclórica da Ilha da Madeira. A revista apresentava nessa edição a mulher rural madeirense, num traje de cores garridas e com um sorriso que a todos cativava. A imagem de marca de Maria Ascensão seria ao longo de décadas, o rosto do próprio Grupo de Folclore da Casa do Povo da Camacha. Foram muitas as estações de rádio e televisão que lhe registaram as entrevistas, o modo de bailar, até mesmo as cantigas e jogos cantados da sua infância. De todas as partes, continentes e países, trouxe uma lembrança que depois perante os amigos recordava com as histórias vividas durante as digressões. Bastava expor todas estas pequenas peças para compreender o percurso do Grupo da Camacha e da sua sempre presente Maria Ascensão. Na Madeira atuou perante convidados estrangeiros em muitas festas no Reid’s Hotel, Miramar Hotel ou no Casino. Semanalmente (ao longo dos anos 50), o Grupo atuava também a bordo dos navios de cruzeiro que faziam escala no porto do Funchal. Noutras exibições dessa época incluem-se as festas na Feira do Marítimo e na Quermesse do Nacional. O tocar e bailar com carácter regular, levou durante anos o Grupo da Camacha a uma entrega diferente, uma espécie de profissionalização da coletividade. Isso era algo que não acontecia com outros grupos amadores. O excelente nível das coreografias, a parte musical cuidada, o traje e acessórios dentro da tradição e cultura, eram aspetos referidos pela crítica especializada da época. No âmbito do folclore português, esta embaixada insular conquistou um lugar de destaque.
 
 
 
A internacionalização
 
Em 1949, O Grupo iniciou um ciclo de digressões fora do país. A primeira dessas viagens levou-o a Madrid, ao Grande Concurso Internacional de Danças. Um honroso 2º lugar na final, trouxe ao conjunto madeirense a atenção da comunicação social portuguesa e os convites apareceram um pouco de todo o lado.
 
De jovens trabalhadores de uma pequena freguesia, a membros de Grupo reconhecido internacionalmente em festivais de folclore foi um passo. Em 1951, a sua presença fez-se sentir em Biarritz, tendo o coletivo aproveitado esta viagem para exibir-se também em Saragoça e Madrid. No regresso a Portugal, ainda houve tempo para duas atuações: a primeira no Teatro Avenida e a segunda na Casa da Madeira em Lisboa, ao lado do grande artista Max. Por essa altura, Maria Ascensão participou também no Documentário «Madeira Story», realizado por Horace Zino (1951). Um outro documentário importante tinha já recolhido imagens das danças, cantares e tocares da Madeira em 1950. Com realização portuguesa e apresentação de Artur Agostinho e João Villaret (dois nomes da rádio e do teatro nacionais), a película «Pérola do Atlântico», estreara no Teatro Municipal do Funchal a 30 de Maio de 1950. No que diz respeito aos programas de rádio, o Grupo de Folclore da Casa do Povo da Camacha foi alvo de uma atenção especial por parte da Emissora Nacional, sendo um dos exemplos, o programa «A Voz do Campo», com edição semanal. Também a Revista Flama, incluíra na edição de Fevereiro de 1951 um artigo sobre a importância do Grupo da Camacha, na propaganda dos Costumes da Madeira. Os primeiros postais a cores do Grupo, à venda nos principais quiosques da cidade, contavam também com a presença de Maria Ascensão, em poses de dança, a tocar instrumentos de corda tradicionais ou a bordar uma toalha madeirense.
 
Em 1954, no encerramento da Festa da Primavera realizada no Funchal, a arte de bailar e encantar de Maria Ascensão e do Grupo da Camacha, associavam-se no palco e na festa, à artista nacional Amália Rodrigues. Assim constava no cartaz publicitário (edição do Diário de Notícias da Madeira de 21 de Maio de 1954). Ao longo do mês de Junho de 1955, o Grupo desenvolveu uma série de atuações locais enquanto preparação para o Festival Internacional de Folclore, a realizar no País de Gales (Reino Unido). A mais importante dessas aparições aconteceu perante o novo Presidente da República, Craveiro Lopes, nos Jardins da Quinta Vigia. Quanto ao referido festival, em Llangollen, foi talvez o evento mais espetacular que esta embaixada madeirense participou. Em espaço criado de raiz, com todas as valências no terreno (serviços, alojamento, segurança, médicas) o festival recebeu ao longo de vários dias, 35 mil pessoas. As danças e cantares dos grupos de toda a Europa, Estados Unidos da América e Canadá foram transmitidos pela rádio e televisão de diversos países. Vários órgãos de comunicação, como a BBC, a France Press e a United Press, solicitaram mesmo entrevistas ao diretor do grupo e, os muitos fotógrafos da imprensa ali representada, recolheram e publicaram imagens dos madeirenses em diferentes jornais e revistas, um pouco por todo o mundo. Sem dúvida, uma das mais importantes digressões de toda a história do Grupo da Camacha.
 
Já em Portugal no ano seguinte (1956), O Grupo de Folclore da Casa do Povo da Camacha foi um dos congéneres portugueses selecionados para participar no primeiro acontecimento etnográfico nacional: o Festival de Braga, realizado entre 20 e 24 de junho de 1956. Ao longo da década de 60 Maria Ascensão e o marido Abel Policarpo, tomaram a responsabilidade de levar a bom porto toda a ação da coletividade. Assim o fizeram durante 42 anos. De entre as atuações deste período salientam-se: o Festival Internacional de Folclore realizado pela Sociedade Estoril – Sol, em agosto de 1962, a digressão em 1965 à África do Sul, mais propriamente à cidade de Joanesburgo, a digressão à cidade de Neuchatel, na Suíça (1971) e em 1973, a consagração esperada há muito, a digressão aos Estados Unidos da América. A colónia madeirense residente em New Bedford endereçara o convite na Primavera de 1973. Expressa oficialmente esta pretensão através da Confraria do Santíssimo de New Bedford, o Grupo contaria uma vez mais com o patrocínio da TAP, tornando assim possível a realização de um sonho não só aos elementos da Camacha mas a toda a diáspora residente naquela região do mundo. O voo direto para Nova Iorque realizou-se a 2 de Agosto de 1973 e o objetivo primeiro foi a atuação no Dia do Madeirense, na cidade de New Bedford, Massachusetts. O Dia do Madeirense (Festas do Santíssimo Sacramento) desse ano de 1973, teve uma particular atenção dos diários locais como o The Standard Times ou o Portuguese Times. Em 1977 voltaram à África do Sul e, em 1978, realizaram a primeira digressão à Venezuela. Maria Ascensão, destacava-se como embaixadora cultural da Ilha da Madeira, das suas danças, costumes e tradição. Um papel que partilhava com muita amizade com outro ilustre conterrâneo, o cantor Maximiano de Sousa.
 
Em 1984, Maria Ascensão integrou uma comissão de recuperação do ritual da Festa do Espírito Santo. Sendo ela uma das mais importantes fontes de conhecimento da tradição oral, nomeadamente das antigas canções que se tinham perdido com o passar do tempo, foi com o seu contributo que se manteve as antigas melodias e os ancestrais versos populares. Salienta-se ainda o facto de ter sido eleita nesse ano Imperatriz da Festa do Espírito Santo, algo de inédito na história das festividades. O reconhecimento pelo seu serviço à comunidade e à Madeira, aconteceu a 9 de Agosto de 2002. Nesse ano, foi homenageada a título póstumo, sendo criada em sua memória a Gala Internacional do Folclore Maria Ascensão - uma festa da música, da dança e da cultura insular.
 
 Texto :Vítor Sardinha
 
 
 

Sabia que?

Luís Filipe Aguiar

 
 
Luís Filipe Aguiar nasceu a 22 de Junho de 1952 em Santa Luzia, Funchal. Começou as suas práticas musicais aos 8 anos com a mãe, aprendendo a tocar piano e depois com o pai, guitarra portuguesa e acordeão. A música estava no seio familiar e o seu desenvolvimento como autodidata foi natural. Aos 15 anos constituiu com os amigos mais próximos o seu primeiro grupo «Swinging Blue Jeans». Luís Filipe (guitarra), Rui Lima (baixo), Stella (guitarra), Luís Alberto Camacho (bateria). O conjunto participou no 1º Festival de Música Rock, organizado por várias entidades da cidade do Funchal.
 
O festival teria continuidade nos anos seguintes, passando a sua apresentação da Avenida do Mar para o Auditório do Jardim Municipal. O «Comuna Set» e o «Mad Fun», foram outros dois projetos musicais de juventude, entre os anos de 1970 e 1971. A partir desta altura e a convite de Roger Sarbib, um consagrado músico a tocar na Madeira (pai de André Sarbib) integrou a Orquestra do Hotel Savoy, uma das melhores do género a atuar na noite musical da cidade, no estilo conhecido como ‘’Noites da Madeira’’. Começaria aqui a sua carreira profissional. Ainda era menor de idade e foi necessário uma autorização familiar para celebrar o contrato de trabalho com o Hotel Savoy O Conjunto de Roger Sarbib era formado por este ao piano e órgão, Tony Cruz (bateria e voz), Nóbrega (vibrafone, saxofone, clarinete e violino), José de Freitas (baixo) e Luís Filipe (guitarra elétrica).
 
Em 1973 formou com outros músicos da sua geração, o «Habitat». Do conjunto faziam parte Luís Filipe (guitarra), Rui Lima (baixo), Paulo Ferraz (piano) e Duarte Vasconcelos (bateria). Este ensemble de muita qualidade, foi convidado na altura para atuar diariamente (entre 1973 e 1975) no Hotel Holyday Inn na Matur (Machico). Em 1976, Luís Filipe Aguiar foi convidado por Tony Amaral Júnior para integrar o «Conjunto Impacto», no Hotel Savoy. Esta seria uma experiência marcante ao lado de um nome grande do Jazz nacional, o pianista madeirense Tony Amaral Júnior. Deste grupo faziam ainda parte Bart Stokes (saxofone, flauta, clarinete) Juvenal Aveiro (depois Helder Gonçalves) (baixo) e Tony Cruz (bateria e voz). Em 1978, fundou um dos seus melhores projetos musicais de sempre, o «Pégaso». Constituído por André Sarbib (piano/órgão), Zé Rato (bateria), Carlos Araújo (baixo), substituído depois por Marino de Freitas e Luís Filipe (guitarra). O conjunto realizou em 1979 e 1980 concertos memoráveis. Primeiro no Festival de Jazz do Funchal (Teatro Municipal do Funchal) e depois noutro festival Jazz/Rock de grande formato para a época, realizado no Pavilhão Desportivo do Liceu, com convidados do continente entre esses, o grupo «Arte e Ofício». Em simultâneo o «Pégaso» atuava no Hotel Atlantis, como banda residente, sendo uma das referências da noite musical e artística.
 
No início da década de 80, Luís Filipe Aguiar integrou os «Fireworks» e novamente, num espaço bem conhecido, a Boate Galáxia do Hotel Savoy. Foi aqui que idealizou a sua saída para Lisboa. O desejo do músico, acalentado há muito tempo, era fazer carreira nacional. Essa oportunidade surgiria em 1983 e aproveitou o convite que lhe foi endereçado, por várias pessoas ligadas ao mundo do espetáculo e editoras nacionais. O primeiro momento era começar como cantor, interpretando repertório de outros e posteriormente fazer as suas próprias composições. Surgiram os primeiros singles (1984), mais comerciais, «Pequena Amante» e «Um Pouco Louco» e no ano seguinte participou, pela primeira vez, no Festival RTP da Canção com «Mulher Só, Mulher Giesta». Em 1986, voltaria ao festival com o «Tango da Meia-noite» e passou a ser conhecido na rádio e televisão pública, a única ao tempo. Revelava-se também como compositor de êxitos, entre os quais alguns cantados em inglês como por exemplo «Under Cover Lover», «You’ve Been Around» ou «While The City Sleeps».
 
A atividade na música complementou-se com o trabalho no seu recém-criado estúdio de gravação - Data Música. A partir deste a sua arte musical (multi-instrumentista, cantor, letrista, compositor, arranjista e direção musical), foi divulgada entre o meio musical português. Editou «Enquanto a Cidade Dorme» LP em 1988 credenciando ainda mais mérito e audiência. Produziu entretanto novos cantores e muitos outros, bem firmados na indústria musical, buscaram no seu estúdio a sua produção ou colaboração. No final da década de 80, Luís Filipe representaria ainda Portugal no Festival OTI da Canção (1988), com o tema «Vivo a Vida Cantando». Em 1990, uma composição sua, "Sempre, Há Sempre Alguém" cantada por Nucha venceu o festival RTP da canção, consagrando-o também nos arranjos e direção de orquestra. Em 1992, a canção vencedora "Amor de Água Fresca’’  foi orquestrada por si e coube-lhe uma vez mais a direção de orquestra, num momento marcante para a sua carreira. Outras canções como «Partir de Mim» (por Marina Mota em 1989), «Eu Sou Maria Rapaz» (por Nani em 1992), «Quero Muito Mais de Ti» (por Cristina Roque em 1993), «Talvez Noutro Lugar» (por Liza Mayo em 1993), «A Minha Ilha» (por Bárbara Reis em 1996) ou o tema «Aprende a Voar (nas asas do amor)» em 2011 cantado pela filha Sandra Dória, são algumas das suas criações, para o mais importante palco de então, o Festival RTP da Canção.
 
O madeirense Luís Filipe Aguiar foi (provavelmente), o único músico português do séc. XX, a cumprir diferentes funções na indústria musical e na música nacional, a saber: músico, cantor, compositor, autor, arranjista (e direção musical), produtor musical, produtor de conteúdos para televisão (RTP. Sic e TVI, entre programas, telenovelas e publicidade) tendo sido ainda representante da Sociedade Portuguesa de Autores, na Madeira. Produziu cantores como, Teresa Maiúko, Ana, Cazanova, Nucha, Marina Mota, Pedro e Henrique Feist, Ágata, Grupo Aura, entre outros, tendo gravado no seu estúdio, muitos dos nomes mais importantes do panorama musical português, como os registados no projeto Pirilampo Mágico de 1993 e 1994: Paulo de Carvalho, Dulce Pontes, Sara Tavares, Paco Bandeira, Anabela, Carlos Guilherme, Luís Represas, Alexandra, Isabel Campelo, Dina, Nucha e Toy. Dos seus trabalhos discográficos destacam-se (entre outros) «Enquanto a Cidade Dorme» e «E Vem a Noite». Já em relação aos seus temas mais ouvidos na rádio, «Brinquedo Desfeito» e «Raio Azul», são marcas do gosto do músico, compositor e artista deixadas enquanto repertório, à Música Portuguesa dos anos 90.